O anúncio feito pelo governo da Malásia de que a peça de avião encontrada no oceano Índico era mesmo do voo MH370 deixou os familiares dos passageiros e da tripulação sentindo um misto de ceticismo, alívio e esperança.
A descoberta, ocorrida há uma semana na ilha Reunião, deu força à teoria de que o avião caiu no oceano após sair da sua rota a caminho de Pequim. A aeronave da Malaysia Airlines desapareceu em 8 de março do ano passado, após decolar de Kuala Lumpur.
Especialistas franceses envolvidos nas investigações disseram, entretanto, que ainda precisam checar para ter certeza de que a peça é mesmo do avião desaparecido, e peritos australianos afirmaram que as buscas submarinas continuam.
Mas se, para alguns parentes, esse é o primeiro passo para se encerrar o drama, para outros, é algo que nem de longe põe fim no mistério e ou na necessidade de provas mais concretas.
Jacquita Gonzales, mulher de um dos comissários de bordo do MH370, disse querer seu marido de volta "do jeito que for".
"Se não encontrarem os remanescentes (dos corpos), não temos como colocar um ponto final nisso tudo", contou em entrevista à BBC, dizendo que vive uma mistura de emoções.
"É um alívio saber que agora eles sabem onde procurar. Mas, por outro lado, não é um alívio porque não era para ser assim. Ele deveria envelhecer, morrer uma morte natural, e não cair no meio do oceano."
"Só vou conseguir dizer adeus quando eu tiver meu marido de volta", disse.
"No momento ainda penso 'por que você não está atendendo seu telefone?' No fundo, eu sei que ele não vai atender o celular. Mas vejo o nome dele e a foto dele no telefone, isso ajuda. E olhando meus filhos todos os dias, eu vejo meu marido. Então ainda é uma sensação de sim e não. Sim, eu quero que o avião seja encontrado. Mas não, não quero que isso aconteça porque pelo menos ainda tenho uma esperança. Mas quando for encontrado, daí acabou. Eu serei uma viúva."
Luto
Sarah Bajc, cujo marido estava no MH370, também contou à BBC como se sentiu após a confirmação de que a peça - um flaperon - era mesmo do avião:"Dói ter que abrir mão do último fio de esperança, mas também sinto um alívio. Talvez agora as famílias vão poder finalmente viver o luto, mesmo que isso não resolva o mistério ou que responsabilize os culpados."
Sarah Bajc, cujo marido estava no MH370, também contou à BBC como se sentiu após a confirmação de que a peça - um flaperon - era mesmo do avião:"Dói ter que abrir mão do último fio de esperança, mas também sinto um alívio. Talvez agora as famílias vão poder finalmente viver o luto, mesmo que isso não resolva o mistério ou que responsabilize os culpados."
Lee Khim Fatt, cuja esposa era uma atendente de bordo, disse não estar convencido com a descoberta da parte da asa. "Quero ver algo que eu possa reconhecer."
Em entrevista à agência de notícias AP, Jiang Hui, que perdeu sua mãe, também demonstra ceticismo. "A descoberta desse destroço não significa que encontraram nossos familiares."
"Não estou triste, estou anestesiada", afirmou Melanie Antonio, cujo marido estava no avião. "É apenas um flaperon, não prova nada. Ainda precisamos dos destroços para provar algo. Eu só quero algo que realmente prove que meu marido se foi."
'Eles estão mentindo'
Outros parentes, porém, continuam a acreditar que as autoridades estão encobrindo algo. Caso de Zhang Yongli, que se reuniu com outros parentes das vítimas no escritório da Malaysia Airlines em Pequim.
Outros parentes, porém, continuam a acreditar que as autoridades estão encobrindo algo. Caso de Zhang Yongli, que se reuniu com outros parentes das vítimas no escritório da Malaysia Airlines em Pequim.
Eles pediam mais informações e que também que fossem levados até a ilha de Reunião.
"Não acredito nessas últimas informações sobre o avião. Eles estão mentindo para nós desde o começo. Eu sei que minha filha está viva em algum lugar, mas eles se recusam a nos contar a verdade.
Muitos parentes também reclamam de como as informações passadas pelo governo da Malásia divergem das passadas pelos investigadores franceses.
O premiê malaio, Najib Razak, disse que os investigadores haviam "confirmado de maneira conclusiva" que o flaperon era do MH370.
Mas pouco depois, em Paris, o promotor Ser Mackowiak divulgou uma nota pedindo cautela, dizendo apenas que havia "uma alta probabilidade".
Sara Week, cujo irmão estava a bordo do avião desaparecido, disse à agência AP: "Qual o sentido de um confirmar e outro não? Por que não esperar pra ter uma posição única e assim evitar que as famílias passem por esse novo turbilhão?"
Mensagem de texto
A revolta atual dos parentes é similar à situação em que eles se encontraram logo após o acidente, em que também criticaram o comportamento das autoridades da Malásia.
A revolta atual dos parentes é similar à situação em que eles se encontraram logo após o acidente, em que também criticaram o comportamento das autoridades da Malásia.
Duas semanas após o desaparecimento, o premiê anunciou que o avião havia caído no oceano, segundo provavam dados de satélites - enquanto os parentes foram avisados por mensagem de texto.
Revoltados, os familiares criticaram o fato de as autoridades terem cravado uma teoria, sem que nenhuma parte da fuselagem tivesse sido encontrada.
G1
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