O número de açudes em situação
crítica na Paraíba subiu para 36 e a seca continua castigando milhares
de paraibanos, sobretudo das regiões do Cariri, Sertão e Curimataú do
Estado. Dos 121 reservatórios monitorados pela Agência Estadual de
Gestão das águas (Aesa), onze já estão secos e outros oito estão com
capacidade de armazenamento inferior a 5%.
O carro pipa de água subiu de R$
50 para R$ 100 em Juazeirinho. Em outras localidades a água escassa tem
se tornado um artigo de luxo. O quadro pode mudar a partir do próximo
mês, de acordo com a Aesa, que prevê chuvas regulares ocasionadas por
mudanças climáticas no sul do aceano atlântico.
Levantamento
Conforme o levantamento da Aesa, a
maioria dos açudes em situação critica ficam no Sertão, a exemplo do
açude Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras, responsável pelo abastecimento
de pelo menos 10 municípios da região e que está com apenas 13,5% de
sua capacidade. No Cariri existem oito reservatórios em situação
critica e no Curimataú são três. No Brejo, são dois mananciais com
volume menor que 20%.
Em algumas cidades que dependem
exclusivamente do abastecimento de adutoras locais, como é o caso de
Santa Cruz, no Alto Sertão, os moradores estão tendo que retirar do
próprio salário para comprar água que tem aumento o valor em até 100%. “
Eu chego a gastar mais de R$150 por mês comprando água que vem do Rio
Grande do Norte, em carros improvisados. A água é para somente para o
consumo e nem da para tomar banho, senão falta para beber e cozinhar.
Está uma situação difícil e se não chover nos próximos dias, a
tendência é ficar ainda pior”, disse a comerciante Iraci Nascimento.
Água sobe para R$ 100
Na comunidade rural de Barra de
Juazeirinho, um carro-pipa de água subiu de R$ 50 para R$ 100 e os
moradores que não tem condições de comprar, estão tendo que percorrer
até 10 quilômetros para buscar água na zona urbana. “Quanto mais a seca
aumenta e se prolonga, mas as coisas ficam difíceis. Em dezembro eu
comprava uma carrada de água do pipa por R$ 50, esse mês o pipeiro já
veio dizer que agora só vai trazer por R$ 100. Tenho gastado metade do
meu salário só com compra de água e isso para beber e cozinhar. Pra
tomar banho, é o jeito cavar um cacimba para ver se encontra água”,
lamentou o aposentado José Paulino.
Embora no Departamento Nacional
de Obras contra Seca (Dnocs) ter informado mês passado que suspendeu
sistema de irrigação nos açudes, por conta da redução do volume de
água, ainda é possível encontrar áreas sendo irrigadas em Condado, no
Sertão, através do reservatório Engenheiro Arcoverde, que abastece os
municípios da região. De um lado, o que se vê são carros pipas sendo
carregados para matar a sede dos moradores e do outro, plantios de
hortifrutis particulares.
Ânimo
De acordo com a meteorologista da
Aesa, Marle Bandeira, o mês de março deverá registrar chuvas,
sobretudo nas regiões do Sertão, Cariri e Curimataú. Segundo Marle, as
águas do oceano atlântico, situadas na parte sul, que estavam frias
abaixo do normal ano passado, já estão com a temperatura elevada, o que
favorece a ocorrências de chuvas no Nordeste do Brasil.
“Nesse momento, não está ocorrendo
manifestação nem do fenômeno El nino e nem La nina, porque o oceano
pacífico está neutro. Por outro lado, as condições do atlântico sul
estão bem favoráveis às precipitações no Nordeste, sobretudo no Sertão e
Cariri da Paraíba. Acontece que as águas estão levemente mudando de
temperatura e se continuar dessa forma, o mês de março será chuvoso. A
informação traz ânimo para moradores de comunidades rurais que esperavam
as chuvas para minimizar os efeitos da seca que persiste desde o ano
passado.
Fonte: Portal Correio
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