sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Faltam delegados em 110 cidades da PB, diz sindicato

Sindicato denuncia que população do Brejo, Cariri e Sertão sofre por não contar com delegados


Delegado Isaías Olegário, é presidente do Sindepol (Crédito: Sindepol-PB)
Uma estimativa feita pelo Sindicato dos Delegados de Polícia Civil da Paraíba (Sindepol), mostra que, no Estado, 110 municípios não contam com a presença diária de um delegado. O quadro da Polícia Civil possui 308 delegados ativos para atender 223 municípios. Alguns destes profissionais respondem por delegacias de até três cidades.
Somente a Gerência Executiva de Polícia Civil Metropolitana de João Pessoa absorve aproximadamente 80 delegados do quadro da Polícia Civil. O presidente do Sindepol, o delegado Isaías Olegário, explicou que seriam necessários 600 delegados, para que todos os municípios do estado fossem atendidos adequadamente.
“Existem alguns municípios que não precisam efetivamente de um delegado todos os dias. Um exemplo é Coxixola. No município não são praticados crimes com frequência e o delegado quando vai até lá, geralmente é para assinar alguns documentos. Mas é claro que o ideal, é que haja, mesmo nos municípios considerados tranquilos, a presença diária de um delegado. O Estado chegou a inaugurar novas delegacias durante o ano passado, porém o número de delegados não sofreu alteração, fazendo com que a situasse permanecesse do mesmo jeito,” disse o delegado Isaías Olegário.
Dos 110 municípios paraibanos que não contam com presença de um delegado, alguns destes não possuem sequer um delegado designado para atender o município. Nestes casos, todos os crimes que, porventura aconteçam no local, serão investigados por um agente de polícia nomeado comissário. O delegado mais próximo só será acionado se o comissário encontrar dificuldades durante a investigação.
O delegado Isaías Olegário explicou que o acúmulo de atividades acarreta nos delegados estresse e também a baixa qualidade na investigação dos inquéritos. “Ou o delegado se dedica a uma ou a outra coisa. Ele não vai conseguir concluir em tempo hábil os inquéritos instaurados em três municípios, é claro que algum sempre será prejudicado. Além disso ele vai se dedicar mais a uma cidade e outras ficarão a mercê de apenas uma visita semanal”, disse o delegado.
A defasagem de delegados acontece em todo o interior do Estado, no Brejo, no Cariri e no Sertão. Na região da Mata paraibana, Isaías Olegário disse que a cidade de Pedro Régis não possui delegado diariamente; no Cariri, a situação se repete no município de Riacho de Santo Antônio; no Sertão, a população da cidade de Dona Inês sofre com a falta de uma delegacia.
Trabalho sem acúmulo
Três cidades - O delegado titular de Mamanguape, Francisco Marinho de Melo, responde também por Mataraca e Curral de Cima. Apesar de ser responsável por investigar os crimes dos três municípios, o delegado afirmou que não se sente sobrecarregado pelo volume de trabalho. “Os municípios são pequenos e por isso eu não encontro dificuldade alguma”, afirmou o delegado.
Concursado é solução
Reforço - A solução apontada pelo presidente do Sindepol, para diminuir a sobrecarga de trabalho dos atuais delegados, e consequentemente implantar novas delegacias, seria a convocação de todas as 33 pessoas aprovados no último concurso para delegado realizado pelo Estado. Todos já concluíram o curso de formação, mas apenas 11 foram convocados até o momento.
Além disso, Isaías Olegário afirmou que a realização de novos concursos para aumentar o quadro de delegados de Polícia Civil, também seria uma das alternativas necessárias para resolver o problema da falta de delegados.
Estrutura precária
Para profissional - Para o delegado Thiago Augusto Vasconcelos, o maior problema que ele encontra, na hora de iniciar uma investigação, é a falta de estrutura. “Eu conto com uma equipe muito pequena e isso sim prejudica o andamento das investigações e a qualidade de apuração do inquérito. Além disso, a estrutura física da delegacia de Jacaraú está seriamente comprometida”, contou.
Conforme o delegado Isaías Olegário, o caso se repete na delegacia de Cruz do Espírito Santo. “Eu sei porque já trabalhei e posso afirmar com segurança que o local não possui estrutura. A pobreza da delegacia chega a ser franciscana”, disse o delegado.
Jornal da Paraíba

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