As alianças políticas que levaram o PSDB a um resultado eleitoral histórico em 2010, elegendo oito governadores, estão se traduzindo em dor de cabeça para a eleição municipal do próximo ano. Em muitos desses oito estados começa a se desenhar um quadro de disputa entre o PSDB e os partidos aliados para escolher o candidato a prefeito em 2012.
Em pelo menos cinco deles (Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Alagoas e Tocantins) chegar a um consenso - ordem vinda da cúpula tucana - vai exigir muita negociação pois o que não faltam já hoje são nomes do PSDB e dos aliados para a corrida municipal.
O dilema entre ter candidatura própria ou apoiar o nome de uma legenda aliada levou a uma baixa no PSDB do Paraná. O ex-deputado Gustavo Fruet anunciou sua desfiliação , alegando falta de garantias de que os tucanos teriam candidato próprio à prefeitura de Curitiba. Fruet quer disputar a eleição para prefeito, mas são grandes as chances de o PSDB apoiar a reeleição de Luciano Ducci (PSB). O PSB foi vice do governador Beto Richa na prefeitura curitibana e está na sustentação do governo dele.
A orientação nacional é que haja somente um candidato da aliança em cada uma das capitais. As negociações estão sendo acompanhadas de perto pelos dirigentes tucanos.
As razões de tanta cautela são duas. Primeiro, o partido considera as articulações regionais estratégicas para a eleição presidencial de 2014. Segundo, os tucanos querem aproveitar o momento vantajoso em que estão - o partido governa o maior número de estados no país - para ampliar sua força, conquistando agora as prefeituras dessas capitais. Na eleição de 2008, o PSDB elegeu prefeito em quatro capitais. Hoje, governa somente a prefeitura de São Luís, no Maranhão.
- Não é uma coisa simples não. Há um sentimento muito forte de candidatura própria no PSDB, mas o partido vai cumprir o que for melhor para o nosso projeto maior, que é a candidatura do senador Aécio Neves a presidente - diz o presidente do PSDB em Belo Horizonte, João Leite. A situação na capital mineira é delicada. O PSDB tem pelo menos três nomes para disputar a prefeitura, sendo o mais forte o do deputado Rodrigo de Castro. Mas o aliado PSB pressiona com a candidatura à reeleição do prefeito Márcio Lacerda. Aécio tem interesse em manter a parceria e abortar uma candidatura tucana se o PSB garantir apoio a ele em 2014.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o PSDB também não tem hoje garantia de que a aliança construída em 2010 será reeditada em 2012. O principal aliado dos tucanos, o DEM, está condicionando o apoio na capital paulista em troca de ser apoiado na eleição em Salvador.
Outro impasse envolvendo o DEM é em Goiânia. O PSDB tem cinco nomes para a eleição, mas é no partido aliado que está o candidato mais competitivo, o senador Demóstenes Torres (DEM).
- Primeiro vamos tentar ter candidato próprio, mas a ordem aqui em Goiás é que a base de sustentação do governador Marconi Perillo lance um só candidato. Ninguém quer aventuras - disse o presidente estadual do PSDB em Goiás, Paulo de Jesus.
No Tocantins, o PSDB disputa com o PV e o PR a cabeça de chapa de uma aliança para a Prefeitura de Palmas. Em Alagoas, a definição sobre quem terá o candidato a prefeito terá de passar por conversas com o PR e o PSB.
- O critério de escolha terá que ser o potencial de voto. Queremos ter uma definição até janeiro - afirmou o presidente do PSBD em Alagoas, Marco Fireman.
O Globo
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